Encontro Internacional em Brasília reitera energia limpa contra mudanças climáticas
Nesta terça-feira (27), Brasília sedia o Encontro Internacional sobre Estratégias de Desenvolvimento de Longo Prazo e Mudanças Climáticas, uma iniciativa do iCS-Instituto Clima e Sociedade, em parceria com a Embaixada da Alemanha e FBMC.
O objetivo é levantar boas práticas para a elaboração de um plano estratégico de baixo carbono de longo prazo (LTS, na sigla em inglês) para o Brasil, que precisa ser apresentado até 2020.
Os governantes brasileiros precisam vencer uma barreira cultural para dar conta do desafio da mudança do clima – começar a planejar hoje onde o país deseja estar na metade do século.
Este é o cerne do “Encontro Internacional sobre Estratégias de Desenvolvimento de Longo Prazo e Mudanças Climáticas” que acontece amanhã em Brasília, promovido pela Embaixada da Alemanha e pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS – www.climaesociedade.org).
O Acordo do Clima de Paris convida países signatários a elaboraram planos de redução de emissão de gases-estufa para 2050. Alemanha, França, Estados Unidos, México Canadá e o Benim foram os primeiros a elaborarem suas estratégias.
“O desafio das mudanças climáticas que enfrentamos exige total transformação da forma como produzimos energia, comida e do nosso sistema de transporte”, diz Karsten Sach, diretor de Política Climática do Ministério do Meio Ambiente alemão.
A Alemanha divulgou o “Klimaschutzplan 2050” em novembro, na conferência da ONU de Marrakesh. O país quer reduzir entre 80% e 95% as emissões em 2050.
O plano é setorial e prevê revisões a cada cinco anos para ajustes de rumo e investimentos, diz Sach. “Não temos bola de cristal.
Mas sabemos que é do nosso interesse econômico e social ter visão clara de onde queremos estar em 2050. E discutir com a sociedade, ter decisões políticas e leis que nos permitam alcançar nossas metas”, diz.
A meta do setor de transportes, por exemplo, é reduzir emissões entre 40% e 42% em 2050 em relação a 1990. A redução na indústria será de 49% a 51%.
O setor de energia terá que fazer cortes radicais – entre 61% e 62% – e deixar de usar carvão, um ponto delicado do plano alemão.
“Já sabemos hoje que as usinas a carvão terão que sair da rede antes que termine sua vida útil.
O futuro da mobilidade é principalmente elétrico e é ali que teremos que investir”, afirma.
A discussão, agora, é o que fazer com os empregados do setor de carvão.
Experiências como a alemã são a base da “Caminhos para 2050”, plataforma também lançada em Marrakesh por Laurence Tubiana, pessoa-chave do governo francês para fechar o Acordo de Paris em 2015 e hoje CEO da European Climate Foundation, fundação que lida com o tema.
Na ocasião, 22 países, 15 cidades, 17 regiões e estados e 192 empresas se uniram ao esforço de ter planos de longo prazo.
“Esta plataforma é o lugar onde empresas e governos irão trocar práticas e tentar aumentar a ambição”, disse ela. O Brasil faz parte da iniciativa. “É desafiador fazer planos de longo prazo, mas é útil para as nossas sociedades. Pode significar grandes oportunidades de crescimento.”
“A ideia deste seminário é inspirar o Brasil a se planejar a longo prazo”, diz Ana Toni, diretora executiva do iCS.
“Temos que fazer opções de investimento, tecnológicas, de infraestrutura”, continua.
“Vale a pena investir em biodiesel ou seria melhor investir em eletrificação na rede de transporte? Nosso futuro depende de decisões que temos que começar a fazer agora”, diz.
Com ela concorda Branca Americano, coordenadora da câmara de estratégias de longo prazo do Fórum Brasileiro de Mudança Climática, onde este debate já iniciou. “Para que o Brasil se descarbonize na metade do século, temos que tomar decisões estratégicas de curto prazo”, argumenta.