Seca no Rio São Francisco aponta para o colapso do rio e das usinas hidrelétricas, segundo ONS
Especialistas alertam que caso o otimismo dos empresários e investidores, por conta da aprovação da PEC 241, se confirme em retomada do crescimento e da economia a partir do próximo ano, será grande o risco de falta de energia já em 2018.
Isto porque, na outra ponta, os investimentos em geração, transmissão e distribuição no setor elétrico não sinalizam que acompanharão este ciclo positivista.
O lago de Sobradinho no Rio São Francisco, por exemplo, que é responsável pelo abastecimento de 58% de toda a região Nordeste, está com 9,9 % do volume de água (20 de dezembro de 2016).
O lago de Três Marias, também no São Francisco, e responsável pelo abastecimento de 31% de toda a região Nordeste está com somente 22% de sua capacidade (20 de dezembro de 2016)
Na região Norte a situação não é muito diferente.
As Bacias de Serra da Mesa e Tucuruí (onde fica a gigantesca usina hidrelétrica do Tucuruí), que juntas respondem pelo abastecimento de 96% de toda a região, estão respectivamente com 10 e 26% de sua capacidade de água (20 de dezembro de 2016).
Todas estas bacias com tendência de entrarem no volume morto nos próximos meses, com impactos diretos na agricultura e reflexo direto na economia local. Além dos outros impactos em saneamento básico e geração de energia elétrica, o que com certeza elevará os preços para a indústria e grandes consumidores de energia da região, porque terão que compensar a falta de geração das hidrelétricas pelas caras e poluidoras termelétricas a óleo.
A estiagem e pouca chuva nas bacias mencionadas, com a consequente seca dos reservatórios tem interrompido a geração hidrelétrica com muitos impactos na região.
Segundo especialistas, uma das mais viáveis alternativas será a implantação emergencial de geração híbrida nas hidrelétricas (solar e hidrelétricas juntas em uma única infraestrutura), que despachará energia solar durante o dia, jogando nas subestações e linhas de transmissão existentes, juntamente com a gestão do recurso hídrico, priorizando a agricultura. A geração solar flutuante injetará energia no sistema elétrico no curto prazo, pois ocupa área impactada já antropizada, com efeitos ambientais neutralizados.
Recente nota técnica da ONS indica que a seca que atinge a bacia do São Francisco levará o rio e as usinas hidrelétricas ao colapso. A bandeira amarela implantada com elevação da tarifa de energia e com acionamento das térmicas representa elevará o custo da energia a cerca de R$ 800 por MW/h (contra os R$ 250 por MW/h na geração por hidrelétricas ou R$ 150 MW/h das solares e eólicas). Some-se ainda a emissão de cerca de 0,86 Kg de CO² para cada 1 MW/h com a fonte a óleo.
O país anseia por políticas de estímulos à cadeia produtiva do segmento de geração solar, que também poderá gerar cerca de 80 mil empregos diretos e indiretos na região.
Segundo o economista e especialista no setor elétrico brasileiro, Orestes Gonçalves Jr, este equilíbrio de fontes geradoras reduz os riscos de impactos da natureza com a seca, mantém um custo competitivo para a energia e respeita os compromissos firmados na CoP-21.