Preços de energia no mercado livre seguem tendência de alta
Alta do MWh no mercado livre na casa dos 20% já em Abril e spread da comercialização pode chegar a R$ 80,00 MWh
Isso por conta da proximidade de novos parâmetros do CVaR e vazões abaixo da média. O que leva, cada vez mais as geradoras e consumidores, com as atenções voltadas para o céu.
Com a proximidade do encerramento do período úmido e face o atual nível de vazões que são classificadas como piores na temporada 2016/2017 ante a que foi registrada entre 2015/2016, uma nova janela de oportunidade de gerar receita com a energia no mercado de curto prazo parece estar próxima.
Essa possibilidade parece estar mais clara com os novos parâmetros do CVaR que entram em vigor a partir de maio o que pode posicionar o spread pago pela energia entre R$ 30 a R$ 80/MWh ainda este ano.
Apesar de os agentes já terem precificado o valor da energia quando da decisão do governo em adotar a medida referente o modelo de percepção de risco, a meteorologia terá papel importante no bimestre março-abril.
De acordo com a gerente Comercial da Statkraft, Fabiana Polido, é necessário esperar o que acontecerá nesse período para se ter uma clareza maior sobre o patamar de preços para o mercado de curto prazo.
“Há uma tendência de alta de preços por falta de performance de chuvas do período úmido 2016/2017 que está fraco”, comentou Fabiana.
“Contudo é necessário aguardar essa quaresma até final de abril, se as vazões não forem satisfatórias o spread pode chegar a R$ 80/MWh”, destacou a executiva durante evento sobre bioeletricidade promovido pela Única e Cogen, nesta quinta-feira, 16 de março.
A representante da Statkraft ressaltou ainda que é importante lembrar da volatilidade que marca o PLD, mas que a tendência é de alta.
“O setor sucroenergético pode ter uma oportunidade boa de preços mesmo com as chuvas de abril por conta do cenário que vivemos e o movimento de migração para o ACL por consumidores especiais”, avaliou.
O gerente de bioeletricidade da Única, Zilmar Souza, concorda que há uma possibilidade de que o segmento possa ver uma nova onda de oportunidade de geração de receitas com a venda de energia no curto prazo.
Contudo, ele adota um posicionamento conservador ante o atual momento.
“Realmente, mas é uma possibilidade ainda, o cenário é incerto e não temos como prever além de 15 dias. Se vier essa elevação de preços junto ao aumento da demanda e a oferta não acompanhar, o preço aumentará no curto prazo.
Isso estimula a geração adicional na bioeletricidade não somente da cana de açúcar, mas pode viabilizar a contratação de outras biomassas como a casca de arroz e o cavaco de madeira para aumentar a geração de curto prazo”, indicou.
Mas, ressaltou que este não é o sinal de para que o segmento volte a investir em novas capacidades de geração, trata-se de um cenário conjuntural de 2017.
Ampliar os investimentos, continuou, depende muito da sinalização de políticas púbicas.
Fabiana Polido lembrou que o mercado a R$ 100/MWh para as usinas de açúcar e etanol não é um bom patamar para a venda no MCP. E que nos últimos meses a queda de preço inviabilizou a geração de excedentes.
Apesar disso, a queda de preços também viabilizou migração dos consumidores especiais para a energia incentivada. “Para ter ideia, a migração do ACR para ACL chegou a gerar 60% de economia.
E afirmou que o mercado livre continuará a crescer com essa migração de consumidores especiais, levando à manutenção do preço desse produto em patamar mais elevado, com spread de pelo menos R$ 30 a R$ 35/MWh.
Essa perspectiva de aumento de preços no mercado livre pós maio é vista no movimento de comercialização de energia na plataforma eletrônica BBCE.
De acordo com o presidente da empresa, Victor Kodja, estão sendo registrados recordes de negociação como o reportado na última terça-feira, 14 de março, com 184,7 MW em negócios, bem como no primeiro bimestre com 1.172 MW.
Esse resultado, destacou Kodja pode ser interpretado como uma resposta dos agentes a se posicionarem quando o período seco chegar.
Essa leitura toma como base o fato de que os produtos mais negociados têm sido o de entrega entre maio a dezembro de 2017 e o de curto prazo.
“Esse pode ser visto como um reflexo do aumento da aversão ao risco do CVaR sim. Com as chuvas abaixo da média histórica as empresas estão procurando se posicionar “, analisou.
Os valores da energia para abril estavam sendo fechados no patamar de R$ 250/MWh, já para o mês de maio havia propostas de compra a R$ 230/MWh e de venda a R$ 309/MWh enquanto houve negócios fechados a R$ 275/MWh.
A tendência, confirmou Kodja, é de que os preços sigam a curva de alta até abril.
Por: Mauricio Godoi, da Agência CanalEnergia, de São Paulo, Mercado Livre