Leilão de Energia surpreende com Solar e Eólica em patamares baixos de preços
Pela primeira vez, projetos solar fotovoltaicos foram comercializados a preços menores do que os de hidrelétricas e termelétricas a biomassa
O dia D da energia solar fotovoltaica no Brasil aconteceu no último dia 18/dez, com o Leilão de Energia de Reserva (LEN) A-4 realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o resultado “aponta para um novo patamar de competitividade da fonte solar fotovoltaica” no país.
A negociação envolveu um deságio de 55,7% em relação ao preço inicial de R$ 329,00/MWh, atingindo um preço médio de venda de energia elétrica de R$ 145,68/MWh (equivalente a US$ 43,88/MWh).
Na avaliação de Rodrigo Sauaia, presidente da entidade, o processo é fruto da redução de preços dos equipamentos, recuperação da moeda brasileira frente ao dólar e acirrada competição entre os empreendedores.
“Esta foi a primeira vez em um leilão de energia elétrica em que projetos da fonte solar fotovoltaica venderam energia a preços menores do que os de projetos de CGHs, PCHs e termelétricas a biomassa”, comenta Sauaia.
Com o LEN A-4, o Brasil oficializa a contratação de 20 novas usinas solares fotovoltaicas, totalizando 574 megawatts (MW) de potência a ser injetada na matriz, para as quais serão realizados investimentos privados de mais de R$ 2,5 bilhões até 2021, segundo a Absolar. Os projetos estão localizados nas regiões Nordeste e Sudeste, nos estados do Piauí (240 MW), Pernambuco (147 MW), Bahia (112 MW) e São Paulo (75 MW).
O presidente da Absolar lembra que o sucesso de um leilão de energia não é definido apenas pelo preço médio ou pela quantidade de projetos contratados, mas que estes projetos sejam de fato construídos, entrem em operação e forneçam energia elétrica à matriz. “Desse modo, teremos a medida clara do sucesso deste leilão a partir do início de 2021, quando os projetos contratados estiverem em operação comercial”, aponta Sauaia.
A fonte eólica também chegou a seu menor valor por megawatt-hora nesta quarta: a média foi de R$ 98,62, e o lance mais barato chegou a R$ 97.
“Ainda é cedo para falar em um novo patamar de preços”, segundo Elbia Gannoum, presidente-executiva da Abeeolica, associação que representa essa indústria.
“Foi o primeiro leilão em dois anos. Precisaremos de mais tempo para entender melhor esse deságio, que reflete diversos fatores, como queda de juros, menor custo de capital, negociação com fabricantes. Cada empreendedor tem sua estratégia. O mais importante é a retomada dos investimentos”, complementa Elbia.