Gigantes do Petróleo torcem contra avanço da energia solar e carros elétricos.
Novo estudo aponta que a energia fotovoltaica solar poderia fornecer 23% da geração de energia global em 2040 e 29% até 2050, eliminando totalmente o carvão e deixando o gás natural com apenas 1% de participação de mercado.
Esta é a principal conclusão de um novo relatório feito em parceria pelo Grantham Institute do Imperial College de Londres e pela Carbon Tracker Initiative, que acaba de ser lançado.
Em contraste, a ExxonMobil vê todas as fontes renováveis fornecendo apenas 11% da geração de energia global em 2040.
Veículos elétricos e energia solar têm real potencial para frear avanços do carvão e petróleo.
Por meio da análise de cenários, o relatório constata que grandes empresas de energia estão subestimando seriamente os avanços das fontes de baixas emissões de carbono por ainda usarem uma abordagem do tipo “business-as-usual” (BAU).
Relatório adverte também que a desvalorização dos ativos baseados em combustíveis fósseis é bastante provável à medida que a transição para energias com baixa emissão de carbono se acelera.
A queda dos custos dos veículos elétricos e da tecnologia solar tem potencial para barrar o crescimento da demanda global de petróleo e carvão a partir de 2020.
Somente o crescimento em veículos elétricos (EVs) pode fazer com que 2 milhões de barris de petróleo por dia (mbd) deixem de ser usados até 2025 – o mesmo volume que causou o colapso do preço do petróleo em 2014-15.
Este cenário prevê que 16 milhões de barris por dia da demanda de petróleo serão deslocados em 2040 e 25 milhões de barris por dia até 2050 – o contrário do crescimento contínuo da demanda esperado pela indústria de petróleo.
“Veículos elétricos e energia solar são game-changers que a indústria de combustíveis fósseis sempre subestima. Novas inovações podem fazer com que nossos cenários pareçam conservadores daqui a cinco anos. Neste caso, o erro na previsão da demanda por parte das empresas será ainda maior”, alertou Luke Sussams, pesquisador sênior da Carbon Tracker.
Os setores da energia e do transporte rodoviário representam cerca de metade do consumo de combustíveis fósseis, portanto o crescimento da energia solar fotovoltaica (PV) e dos veículos elétricos pode ter um impacto significativo na demanda.
O relatório argumenta que o uso de cenários que desconsideram a descarbonização da economia imposta pelo desafio de combater as mudanças climáticas, deve ser aposentado.
Os cenários devem agora aplicar, no mínimo, as últimas projeções de redução de custos para a energia fotovoltaica solar e para os veículos elétricos, juntamente com os compromissos de emissões assumidos pelas nações em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) no âmbito do Acordo Climático de Paris, para refletir o estado atual da transição para uma economia de baixo carbono.
Já os veículos elétricos poderiam representar um terço do mercado de transporte rodoviário até 2035, mais da metade do mercado em 2040 e mais de dois terços de participação de mercado até 2050. O BP Energy Outlook 2017 prevê que os veículos elétricos representarão apenas 6% do mercado em 2035.
Por outro lado, a demanda por carvão poderia atingir o pico em 2020 e cair para metade dos níveis de 2012 até 2050. A demanda de petróleo poderia ser estável de 2020 para 2030 e, em seguida, cair de forma constante até 2050.
A maioria das grandes empresas de petróleo e gás não esperam que o carvão atinja seu pico de consumo antes de 2030 e nenhuma prevê o pico do petróleo antes de 2040.
Neste cenário, o aquecimento global seria limitado a 2,4° C a 2,7° C.
Tata-se de uma diferença significativamente menor em relação aos cenários “business-as-usual”, que projetam um aumento médio de temperatura de 4° C e mais, e que muitas vezes são usados pela indústria de energia.
Isso mostra que se esforços específicos de descarbonização forem feitos fora dos setores de energia e transporte rodoviário, objetos deste relatório, ou seja, por indústrias pesadas, aviação e transporte marítimo, o aquecimento global será ainda mais reduzido.
Por: Agência Canal Energia, 03/02/2017